Páginas de Menina

Araraquara, São Paulo, Brasil, ano de 1955. Sílvia (Vera Zimmermann, num papel escrito especialmente para ser interpretado por ela) ocupa seu tempo gerenciando a Livraria Machado de Assis e escrevendo cartas para sua mulher que ficou em Paris, lugar para onde Sílvia não pretende retornar tão cedo. Um dia, a vaga de assistente da livraria é ocupada pela jovem estudante Ingrid (Tieza Tissi) e uma bela história de amor, precedida pelo afeto que ambas possuem pelo universo dos livros, surge entre elas. Após a única noite de amor das duas, Sílvia - alegando as dificuldades da época em que vivem para encararem um relacionamento - regressa à França deixando Ingrid com uma breve carta e um coração sofrido.


Paris, França, ano de 1975. Muito tempo se passou quando reencontramos Sílvia numa biblioteca, lendo trechos do livro “Páginas de Menina”, obra literária na qual Ingrid fala sobre o seu antigo amor juvenil.


Páginas de Menina” (Pages of a Girl, 2008), uma bela história de amor que atravessa o tempo, mesmo sem um final - convencionalmente - feliz, é o filme de estreia de Monica Palazzo como roteirista e direção geral.


Principais locações
“Páginas de Menina” foi filmado em Araraquara (cidade natal de Monica Palazzo) e São Carlos, ambas situadas, respectivamente, a 277 km e 230 km da capital paulista.

Fotos do filme: divulgação
Sílvia mora na Rua Américo Brasiliense e caminha por ela na primeira cena do curta. O trabalho de direção de arte - para dar uma cara ‘anos 50’ para essa rua - envolveu desde a pintura das fachadas das casas e a colocação de tapumes nas janelas até um rigoroso trabalho de pintura de arte do seu asfalto. O resultado ficou – técnica e visualmente – belo!

Livraria Machado de Assis: a fachada de um consultório odontológico, localizado na Rua Humaitá, foi transformada para ambientar o local de trabalho de Sílvia e Ingrid.

A Estação Ferroviária de Araraquara é para onde Ingrid corre, na esperança de ainda alcançar Sílvia e, quem sabe, fazê-la mudar de ideia. Inaugurada em 1855, fechada para transporte de passageiros em março de 2001, ela virou museu em 2011 (Rua Antonio Prado, s/no, Centro).

A biblioteca parisiense foi instalada no Instituto Álvaro Guião, uma escola centenária, situada na Avenida São Carlos, 2190, em São Carlos, que foi inaugurada em 22 de março de 1911.




Festivais e premiações
Divulgado em diversos festivais internacionais e nacionais, “Páginas de Menina” foi eleito o melhor curta-metragem noMelbourne Queer Film Festival de 2008. No mesmo ano, em Fortaleza, ganhou os prêmios de Melhor Direção de Arte, Fotografia e atriz (para Tieza Tissi) no For Rainbow. Em 2009, “Páginas” chegou a etapa final do Prêmio ABC de Cinematografia e do Prêmio FIESP do Cinema Paulista.

Entrevista com Monica Palazzo
Leia abaixo uma entrevista com Monica Palazzo, gentilmente cedida por ela, para publicação neste espaço.

Monica Palazzo




O que te faz aceitar fazer a direção de arte de trabalhos em curta-metragem?


MP: Tudo depende da história a ser contada, do universo abordado. Direção de arte, para mim, é a construção de uma realidade imaginada, se os personagens me instigam, seja pelo desafio do projeto, pelo contraste do mundo a ser criado, ou que me toca em função da identificação. Claro que também depende das agendas, nem sempre elas são compatíveis.


Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?

MP: Acho que isso tem mudado, haja vista a quantidade de blogs que fazem uma divulgação alternativa. Muitos festivais têm surgido, e os mais antigos têm se tornado cada vez maiores e com mais repercussão. Além disso, alguns canais de TV têm em sua programação espaço para o formato.


Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?

MP: Essa profusão de sites como o Youtube, Vimeo (isso pra citar os mais conhecidos) e portais de divulgação fez com que o acesso mudasse bastante de alguns anos para cá. Além da exibição em sala de cinema, com a presença física do espectador, a internet trouxe o acesso a qualquer hora, de qualquer lugar. Para citar um exemplo muito próximo, meu 1o curta como diretora, o "Páginas de Menina", de 2008, chegou a ficar em cartaz no programa "Curta Petrobrás às 6", fazendo circuito de cinemas em algumas capitais, e durante um tempo em comum, fez festivais, fez TV e internet. Isso é um privilégio, e naturalmente tem como consequência, público. Durante 2 anos ele fez parte da grade do Canal Brasil, foi comprado pelo site Logo on Line e saiu numa coletânea em DVD nos EUA e Canadá. Atualmente está disponível no Vimeo, além de ter sido colocado no youtube por algum fã, rs.
A questão também é saber como as pessoas que "não são do meio cinematográfico" encaram o curta. E isso eu sempre coloco em pauta com os conhecidos que trabalham com outras áreas. O que percebo é que as pessoas que se conectam com as artes, colocam o curta como uma delas. E mesmo não tendo tempo de ir a festivais, consomem o formato na TV e na internet.


É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim
para fazer um longa...

MP: Tudo é possível, depende de como cada profissional desenha sua carreira. O que acontece muitas vezes é que nem todas as histórias "cabem" em 18min. Eu mesma senti isso com o meu 1o curta, e algumas pessoas vinham me dizer que sentiam falta de saber mais sobre tudo aquilo que eu estava falando.. Muitos diretores fazem seus curtas para experimentar mesmo, afinal, vc não sai da faculdade um diretor. Tem que ralar, tem que se dedicar, estudar, pesquisar e filmar! Acho difícil uma pessoa começar direto com um longa, nem acho isso saudável, do mesmo jeito, tem histórias que não cabem num curta, eu mesma tenho uma esboçada que não pode ser contada em poucos minutos. Depende mto do que vc quer falar.


O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?

MP: Não.


Pensa em dirigir um curta futuramente?

MP: Dirigi um 1o curta, o "Páginas de Menina", lançado em 2008, e que teve uma boa repercussão. Ele fez mais de 50 festivais, está disponível na internet, na íntegra, em um site que comprou os direitos de exibição por 2 anos. O curta também faz parte da programação do Canal Brasil, além de ter ficado em cartaz 1 ano e meio pelo "Curta as 6" da Petrobrás. Atualmente fizemos uma nova tiragem para distribuição em DVD. Em 2009 dirigi uma trilogia, junto com a Joana Galvão, parte da coleção "Fucking Different São Paulo", organizada e produzida pelo cineasta alemão KristianPetersen. O filme é composto por 12 curtas, e foi exibido emalguns festivais mundo afora, incluindo o Festival de Cinema de Berlin em 2010. Essa é uma visibilidade muito bacana pro trabalho.
Estou envolvida em um curta, uma comédia romântica, que entre outras coisas, fala sobre acessibilidade do cinema para cegos e surdos. E como já comentei anteriormente, tem essa história em mente que não caberá em um curta... o formato tem que ser consequência do que você quer falar, e hoje vejo que, cada vez mais, temos espaço para muitas obras diferentes.
E com a Joana Galvão, estamos desenvolvendo o roteiro de um longametragem chamado "Quieta", ela como roteirista e eu como diretora.



Saiba mais sobre Monica Palazzo e o seu primeiro curta através dos links

www.monicapalazzo.com e Blog "Além das Páginas"




Assista o curta na integra clicando no link "Páginas de Menina"

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